Muitos de nós, ficamos mais uma vez chocados ao saber que no último domingo, dia 14 de novembro de 2010, em São Paulo, plena Avenida Paulista, um grupo de adolescentes de classe média agrediu, sem nenhum motivo aparente, três rapazes que vinham caminhando em direção contrária. A cena, ou parte dela, foi gravada pelas câmeras do prédio em frente ao local.
Como um fato desses pode acontecer? Como adolescentes que podem ser aparentemente normais podem ter um comportamento assim? Como fazer para que nossos filhos não cometam os mesmos desatinos? Como não ficarmos preocupados vendo cenas como essas cada vez mais corriqueiras?
É verdade. Cada vez mais somos inundados com maior número de informações, é verdade também que com o aumento da população, aumentam os problemas urbanos, mas uma coisa continua indubitavelmente igual: É nas famílias que nós aprendemos a ser quem somos. É nelas que nos construímos como pessoas, seres humanos únicos e com nossos valores e regras. Aí reside a questão. O que está acontecendo com as famílias? O que está acontecendo conosco? Com nosso dia a dia? Exatamente os momentos em que criamos nossos filhos.
No mundo atual, nossas vidas estão cada vez mais atribuladas, cada vez mais passamos muito tempo fora de casa, cada vez mais as crianças e jovens recebem informações em grande quantidade e sem o nosso controle. Cada vez mais os jovens crescem com um potencial de inteligência multifacetada super desenvolvido, mas isso basta? Claro que não. Com o mundo moderno, com as pressões que sofremos e com as que sabemos que nossos filhos também sofrerão, temos uma tendência natural a sempre nos lembrarmos de como eles terão que ser competentes, capazes, e muito, mas muito produtivos. Sem mencionar, que cada vez mais as famílias se separam. Se com todo mundo por perto já está muito difícil lidar com essas questões, imaginem com a distância, com as brigas e angústias pertinentes a qualquer separação.
É minha gente... Nessa hora a tecnologia não ajuda muito. Nossa competência profissional também não. O que ajuda, é o velho e bom “olho no olho” e, principalmente, “coração no coração”. Não um coração bondoso simplesmente. Mas um coração firme e afetivo. Um coração empático com os jovens e suas problemáticas e, principalmente um coração com valores, regras e carinho. Carinho para poder fazer com que nossos filhos cresçam com auto-estima elevada. Carinho pra fazer com que nossos filhos cresçam conhecendo sim a realidade do nosso mundo, mas apesar e por causa disso, firmes em suas buscas, decisões e conquistas. Tanto profissionais como afetivas. Porque meus leitores, somos animais gregários que construímos nossas vidas com competência, mas também com afeto. Só assim, seremos íntegros, produtivos e relativamente felizes. Alguém consegue ser feliz sempre? Todo dia? A vida toda? Nós mortais? Muito difícil. Ouso dizer, impossível. Mas, ainda assim com esperança. Esperança no nosso amanhã e, principalmente, no dos nossos pequenos tesouros, que um dia nos substituirão nesse mundo.
Tacarijú de Mello Portella
Psicólogo – CRP-05/19606 – Analista Reichiano
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